Conversando com Deus
Cá estou olhando mais uma vez para o longínquo infinito
buscando dar algum sentido a tudo.
Os dias passam e algumas marcas do tempo começam a tatuar
o meu corpo. Velhas imagens vivem presentes em minha retina, a árvore que
outrora semeei na primavera hoje faz a sombra a qual me protege e guarda.
Olho ao meu redor com ares de nostalgia, uma cólera
contida exalta em mim. O ontem parece não ter se acabado.
Caminho devagar, e conforme a lentidão dos meus passos
segue, norteiam minhas escolhas, minhas angústias, minha vida, minha sorte.
Pedi calma a minha tão sofrida alma, pacienciosa busca a
fé inabalável em sonhos e pensamentos, lutas e desejos, amor e razão.
Sem ter uma rota definida, me agarro ao caminho o qual eu
mesmo fiz.
Lutando contra os mais destemidos moinhos, vi que o medo
é combatido com conhecimento e vencido pela sabedoria. A verdade nunca erra o
tempo da chegada, somos nós que não sabemos esperar.
Seguro na mão do destino e me abraço com o acaso; de um
eu sou o filho do outro faço o meu próximo passo.
Vejo a tarde caindo e junto dela faço de um assovio a
minha oração. Simples que sou peço apenas que minhas lágrimas não caiam
enquanto faço os outros sorrirem com um sorriso.
Não crer em um ser, mas sim, em todo o ser.
Sozinho e em silêncio escuto uma voz amiga a qual nunca
me abandona, uma mão em forma de galhos de árvores, um coração pulsante feito à batida das asas de um beija- flor, sua voz
ao vento a dizer:
-Tudo bem, eu estou aqui...
Autor: Welker Melo